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já...

agora que não tem tempo

não tem hora

agora que está tudo riscado no chão

vem que eu vou te mostrar

meus mapas do céu

e o meio do meu céu

vou te contar meu segredo

meu nome

meu totem

meu orixá

e vou te dizer bem baixinho

que vou te lamber a nuca e os seios

até você sofrer de tanto me querer

 

agora que não tem lado

não tem certo nem errado

agora que ficaram para trás as portas

e abrimos todas as janelas

deita que vou te trazer

delícias e tentações quase perversas

vou me deixar ficar entre as tuas pernas

e te contar meus sonhos

meus caprichos

vou te revelar meus esconderijos

e te beijar as mãos e os olhos

até tudo em você doer de tanto me desejar

 

agora que não tem direção

caminho ou volta

agora que você está aqui

me deixa chegar bem perto

me beija como uma gueixa

submissa e febril

e espalha na minha pele

o odor agridoce

do teu visgo

que escorre

pelos dedos

entre os pelos

entre nós

agora que não tem mais jeito...


foto: tela 'Lógum Ède' - Bruno Pinheiro - 2022

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