naquele tempo em que estive dentro daquele vão
entre o nada em mim e o mundo lá fora
aquele vazio insuportável era o que sustentava minha sobrevivência
naquele tempo eu respirava apenas, apenas…
meu corpo e eu vivíamos o caos e o desamparo
naquele tempo eu morria em mim
e em você eu desaparecia como um esquecimento
ou mesmo como um alguém inexistente, desconhecido
dura aquela condição de ruína, de abandono
que me percorria ossos, artérias e cartilagens
danificando articulações e minha pele exausta
das noites acordada tentando entender tanta dificuldade
tanta desumanidade…
naquele tempo eu podia andar pela escuridão da tua partida
sem errar o caminho do desespero
sem me perder em meio ao medo de ficar para sempre ali naquele vão
entre o nada em mim e o mundo lá fora
foto: tela 'Space-Force Construction' - Liubov Popova - 1921
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