epílogo
- Cris Reis
- 24 de fev.
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então
conta para mim a tua história
eu vou te escutar
talvez por pura compaixão
eu sei
que não será real
mas no teu mundo
tuas fábulas convencem
fala
do teu diário de mentiras
do teu labirinto sem memória
onde até as paredes são falsas
revela
as tuas ficções
e improváveis acontecimentos
de vidas que não são a tua
mas que você sugou
e que mesmo assim aderem
a algum coração tão triste e só
quanto o teu
eu vou te ouvir
pela última vez
antes de partir
e pela última vez
você vai me ver
e escutar de tão perto a minha voz
o que nada significará
nesse teu lugar amorfo
onde não há afetos
diz
eu estou atenta
mas sei que não existem verdades
em nenhuma de suas silabas
sei que você vagueia
e erra por aí
em busca de um 'eu'
aquele que te falta
aquele que você não pode 'ser'
pois seria o teu fim
de você
só os olhos verdes
todo o resto
são máscaras para sobreviver
e continuar à caça de presas
fáceis e encantadas
lamento
lamento pelo teu vazio assustador
onde a tua vida só resiste...
e me despedindo
te digo:
desse teu oco pavoroso
eu sobrevivi
mas você desse vão escuro
jamais escapará...