estava aqui distraída, naquela hora que parece um balanço do dia, às vezes até da vida
e num lapso veio um sentimento tão bom de estar, por estar vivendo em consonância
com os meus sensíveis e com as minhas mais profundas sinceridades.
nada, nada em mim ou de mim é banal ou sem significado, tudo é!
e esse estar, vem do meu ser em estado de total dedicação ao que sinto, faço, produzo, amo, compartilho, ofereço, ensino ou projeto!
talvez seja uma coisa de plenitude, da idade, maturidade, sei lá, mas me ultrapassa, de mim transborda e nessa fartura, percebo generosidades onde antes não via nada.
a simplicidade da vida me lavou os olhos...
talvez essa quietude em meus desesperos cotidianos venha de uma total coerência e respeito ao que sou, ao que faço e ao que construí por dentro, em meio a tantas transições, perdas e solavancos que a vida sempre dá e me permito a mim esse êxtase.
sim, porque temos que nos permitir prazeres outros que não os óbvios.
é assim uma forma de celebração íntima, uma coisa de vitória, mesmo em condições precárias e com pouca esperança num futuro breve.
é assim...
foto: tela ' a carne é minha' - Adriana Verejão - 2021