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intervalo

tem tempos

que sem muitos porquês

perdemos ou nos perdemos de nós

vamos sentindo o chão amolecendo

os dias passando entre a exaustão e o sono frágil


sabemos que podemos entrar de volta

naquele lugar complicado de sair

mas parece que é preciso

é inevitável

e tudo se dá entre lágrimas e desistências


somos capturados por desesperos ancestrais

por medos seculares

e todas as nossas gerações de infelicidades

despencam na nossa existência

débil

enfraquecida


não há saída aparente

porta

janela

fresta

nada

de repente ali o labirinto

e nós lá no fundo outra vez


são tempos de batalhas

que recomeçam

como se já não fosse o bastante

todas as guerras já vividas

todas as perdas e baixas

todos lutos e lutas


é um ciclo tão triste

que não se percebe o tempo

o passar do tempo

e é lento

é um intervalo

o hiato entre o ocaso e a sobrevivência

e parece ser necessário

talvez seja uma forma

de crescimento

ou de extinção

não sei

só sei que viver às vezes é assim...

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