já vivi em vasta solidão
em tristeza profunda
verões ‘metaxý Ródou kai Santorínis’
e todos os brancos das ilhas gregas
isso deve valer muito nos créditos da vida
mas agora nenhum pôr do sol é tão belo
nem aquele visto do Arpoador
e me sufoca esse calores
e esse sol que parece que nunca acaba
Rio você me domina!
já passei noites de insônia desesperada
tive sonhos em baixo-relevo
e invernos em Berlim
nós na geleira ‘am Alexanderplatz’
isso deve ter uma alta pontuação no escore da vida
mas agora não quero mais deslizar
nem sentir o liso do lençol
do teu lado vazio do lençol
onde posso encontrar atrito?
já tive tanto riso
tanto azul e primaveras em Madri
'segue a movida madrileña’
isso sem dúvida fica anotado no rol da vida
mas agora não encontro mais as minhas aquarelas
nem meus lápis de cor
e não sei mais onde colocar o meu ponto de fuga
Já tive tanto caminho
alguns tiveram volta
outros eram o destino
nada podia mudar
e eu nem acredito em acaso ou sorte...
já tive madrugadas terríveis
entre lágrimas e o despertador
mas tive outonos febris em Paris
e te beijei tanto ‘entre le Marais et la Bastille’
certamente isso ficou colado no quadro de máximos da vida
já percorri tantas avenidas
Manhattan de mãos dadas com você
sorrisos e o frio cortante ‘between Soho and Central Park’
mas hoje hoje não vejo mais nada
meu mapa-múndi era você que partiu sem mim
e meus versos patéticos eu guardei em valises de viagem
em sacos plásticos mofados, amarelados e esquecidos
como eu...
‘metaxý Ródou kai Santorínis’ | entre Rhodes e Santorini
música incidental: vaca profana - Caetano Veloso
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