eu estava ali olhando pro mundo
e sentindo em mim o tempo inteiro
o meu tempo
não o hoje ou o ontem ou um dia qualquer
mas o tempo que não tem medida nem nome
esse tempo que sou eu
eu que tenho em mim portas que abro sem medo
janelas enormes com vista para tantos horizontes
eu que me renovo em tantas frequências e vibro
que consigo criar novas histórias
novos lugares, novos amores
eu repleta de cores e sabores de tantos outros tempos em que já vivi
de tantos lugares por onde já passei
de tantas noites
de incontáveis prazeres
e outras de solidão...
tudo é simples para o tempo
e com o tempo, o nosso por dentro tão complexo
e tão urgente
se acalma
plenitude, talvez
encontro com alguma paz, sei lá
e segue a vida que demanda tempo
tempo para o novo
para o esquecimento
para novas jornadas
para poder estar aqui
presente
olhando pro mundo inteiro em mim...
foto: tela 'desert moon' - Lee Krasner - 1955